Produtividade de peso e muita qualidade

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Produtividade de peso e muita qualidade

O resultado econômico da ovinocultura de corte vem estimulando produtores rurais com significativo crescimento no mercado e ainda mais particularmente na região Sul do país. E quando falamos do Ile de France (tripla aptidão – carne, lã e leite) já estabelecemos a correlação com produtividade e de valor comercial do rebanho, uma vez que essa é uma raça que apresenta características bastante adequadas para a produção de carne, suprindo as exigências do mercado atual. Dentre essas condições estão a qualidade e rendimento da carcaça e marmoreio.

Para criadores experientes do Ile de France, como o senhor José Volni Costa, da Cabanha São Galvão, em Santa Catarina, que nos trouxe importantes informações atualizadas, essa raça ovina especializada para corte está amplamente focada no produto que tem hoje valor comercial na ovinocultura, a carne. Volni comenta que atualmente a lã tem muito pouco valor comercial. “Mas, exceto as raças especializadas na produção de lã, como a Merino, entre as raças de carne a Ile de France é a que tem a melhor qualidade de lã.”

De acordo com os conhecimentos de Volni, os cordeiros apresentam um bom acabamento da carcaça e normalmente a precocidade é muito grande no Ile de France. “Sistemas bem controlados na nutrição, cordeiros com 120 dias estão no tamanho de abate – quer dizer, 38 a 42 kg. Então ele apresenta essa condição, tanto produzindo Ile de France puro como Ile de France cruzamento”, expõe.  

O Ile de France é excelente para fazer os cruzamentos, com todas as raças. Isso porque ele pode trazer uma qualidade de carne para raças que têm uma condição de carne, mas que não define tão bem o aspecto desejado pela indústria ou pelo consumidor. Assim, o Ile de France vai e corrige isso no cruzamento. É essa condição que o Ile tem, de apresentar excelente qualidade de carne, que a torna uma raça muito boa para fazer os cruzamentos industriais também.

É na verdade uma raça que apresenta bastante rusticidade. Ela é criada em várias regiões do Brasil, mas o principal local de criação é no Sul do país.  Os principais estados produtores são RS e SC, PR e SP, onde as raças são mais criadas. “Quando a raça veio da França, entrou pelo RS, por volta de 1970”, acrescenta José Volni.

Reprodução, manejo e índices de produtividade

Falando sobre a reprodução, as ovelhas Ile de France são excelentes mães, Com habilidade materna muito boa, elas têm uma percentual de parto gemelar bastante alto, significativo mesmo, e, desde que se mantenha um sistema de produção com alimentação adequada, não é difícil encontrar propriedades que alcancem índices de produtividade de 150, 160%. “Em um sistema bem manejado fica mais fácil se obter esse resultado. As ovelhas da raça são boas produtoras de leite, cuidam muito bem do cordeiro, proporcionando essas condições favoráveis aos aumentos de índices de produtividade.”

Outra diferencial extremamente favorável da raça, junto às fêmeas, é a desestacionalidade do cio. A fêmea entra em cio praticamente o ano inteiro, e isso é importante para manter a oferta de cordeiro durante o ano. “Em algumas raças, as ovelhas só entram em cio quando o fotoperíodo começa a diminuir. Em algumas delas, só a partir de final de fevereiro é que as fêmeas começam a entrar em cio natural. Antes disso só se for induzido com hormônios. As mães da raça Ile de France apresenta essa característica de desestacionalidade do cio, condição que favorece muito o sistema de produção” afirma o criador.

Por se tratar de animais com bastante adaptabilidade e rusticidade seu manejo é simplificado. Eles se alimentam de muitos tipos de forragens e pastagens, existindo ainda a possibilidade de se trabalhar com resíduos industriais que possam servir de alimento nutritivo. “A ovelha é um dos ruminantes que pode ter aproveitamento desses resíduos.

Na Europa, principalmente na França, Inglaterra e Espanha, onde é feito o açúcar de beterraba e não de cana, são utilizados os subprodutos, como, por exemplo, da beterraba açucareira. Aqui no Brasil é possível utilizar bagaço de maçã, de laranja, massa de mandioca, massa do milho quando industrializado para se retirar a fécula e que podem ser empregados na alimentação dos ovinos, incluindo o Ile de France, como uma forma de baratear custos.”

Por se tratar de uma raça bastante versátil, responde muito bem quando é empregado um sistema de alimentação mais intensivo.  O cordeiro fica extremamente precoce, as fêmeas também atingem a maturidade sexual já bastante cedo; com menos de um ano já entram em cio e têm essa condição de alta prolificidade, destacionalidade do cio, e excelente habilidade materna.

Contribuição do Ile de France nos rebanhos comerciais

Nos rebanhos comerciais, quando se utiliza Ile de France, alcança-se uma melhoria muito interessante em relação à qualidade da carne, como já foi dito. É uma série de fatores ligados às características da raça que irá proporcionar essa melhoria dentro de um rebanho. Por exemplo, enquanto um reprodutor Ile vai trazer a precocidade dos cordeiros e a esperada qualidade da carne, as matrizes são muito prolíferas. Há um estudo da Embrapa que identificou o gene da prolificidade do Ile de France, o que eles batizaram de ‘Gene Vacaria’, porque foi identificado em rebanhos de Vacaria, no Rio Grande do Sul.

Foi possível, inclusive identificar quais reprodutores apresentam esse gene da fertilidade que aumenta o percentual de fêmeas de parto gemelar. https://www.embrapa.br/publicacoes-e-bibliotecas

Dentro da raça, os índices de produção se tornam altamente positivos. Não é nada incomum se obter rebanhos com 1.4, 1.5, até 1.6. Com 100 matrizes é possível ter 150, até 160 cordeiros desmamados numa estação de parição.

O outro índice de extrema importância diz respeito aos cordeiros que apresentam uma alta conversão alimentar na fase inicial – nos primeiros 70, 80 dias. O produtor aproveita esse momento que o Ile de France proporciona para ter um ganho de peso muito mais rápido. Assim o cordeiro, com 120 e alguns até com 100 dias atinge o peso de abate, que é dos 35 aos 45 kg de forma geral.  Apesar de que os frigoríficos estão preferindo de 38 a 45 kg.

Cabanha São Galvão

A Cabanha São Galvão, localizada em Bom Retiro, SC, às margens da BR 282, começou as atividades com ovinocultura em 2000 e inicialmente trabalhou com produção de cordeiros da raça Ile de France para abate. Foi fundada em 2009, a Cabanha São Galvão iniciou suas atividades participando de exposições e com a aquisição de um plantel PO Ile de France, registrados na Associação Brasileira de Criadores do Ile de France (ABCIF).

O primeiro reprodutor adquirido foi o São Paulino 292, que era filho do Branquilho 010. O segundo reprodutor utilizado teve um São Paulino 906, mas posteriormente teve outro que marcou bastante forte como São Paulino 292, que foi Lagoa do Horizonte 3458, comprado na Cabanha Lago do Horizonte, do saudoso Oswaldo Chaves de Lima. “Com esses dois reprodutores foi feita a base do rebanho. Mais tarde foram usados o Barão 1131 e também animais nascidos na nossa cabanha, como o São Galvão 275, São Galvão 657, São Galvão 916. Atualmente a cabana conta com o Katupitanga 737, o Luizinha 1132 e o Luizinha 910, além de algumas inseminações realizadas no ano passado.

Atualmente a cabanha produz e comercializa ovinos PO, RGB e SO das Raças Ile de France, Ile de France naturalmente colorido (preto).

Por Mara Iasi – Agência Agrovenki

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